domingo, 1 de novembro de 2015

Efemérides da História Lusófona: #1 O Grande Terramoto (01 de novembro de 1755)

Lisboa devastada no Dia de Todos os Santos –

     D. José I sobe ao trono em 1750, procurando seguir as políticas do pai, D. João V, continuando a fortalecer o poder real. Esta política, porém, tinha de enfrentar as dificuldades económicas que estavam a surgir, a começar pela diminuição das remessas de ouro que chegavam do Brasil. Esta situação piorou no dia 1 de novembro de 1755. Nesse dia, pelas 09h30 da manhã, o sul de Portugal foi atingido por um violento terramoto. Em Lisboa, as igrejas estavam cheias, pois era Dia de Todos os Santos. Quando o terramoto se fez sentir, milhares de edifícios, entre eles muitas dessas igrejas, ruíram, matando muitos dos que estavam no seu interior [Os geólogos modernos presumem que possa ter atingido uma magnitude de 9 na escala de Richter (1-10)]. As águas do Tejo, recuando por ação do terramoto, abateram-se depois sobre a cidade numa onda gigante, que se pensa ter atingido mais de 20 metros de altura, um maremoto. Logo em seguida deflagrou um enorme incêndio que alastrou pelo centro da cidade e durou seis dias. Esta destruição provocou mais de dez mil mortos e deixou mais de meia cidade completamente destruída. Entre os edifícios que ruíram estava o Paço da Ribeira (o palácio onde residia o rei) e a Casa da Índia, onde funcionava a alfândega. Noutros pontos do país a destruição foi também muito violenta, em especial no Algarve. 


O Terreiro do Paço em 1650, por Dirk Stoop, 1650

     Do governo de D. José I fazia parte Sebastião José de Carvalho e Melo. Este tomou o comando das operações no seguimento da destruição provocada pelo terramoto, respondendo rápida e decididamente a esta calamidade. Ficou célebre a resposta que terá dado quando lhe perguntaram o que se devia fazer: «Enterrar os mortos e cuidar dos vivos.» Este governante ficou mais tarde conhecido como Marquês de Pombal. O terramoto, além custar muitas vidas, causou muitos danos e destruição em edifícios, tesouros artísticos, bibliotecas e arquivos que se perderam. Além disso, iria exigir muito dinheiro para a reconstrução, em especial de Lisboa. A notícia do terramoto espalhou-se depressa pela Europa, onde provocou grande espanto e emoção.

O terramoto de Lisboa (gravura do século XIX)

– O Marquês de Pombal –

     Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em 1699, filho de uma família nobre, mas de poucas posses. Terá estudado na Universidade de Coimbra e casou com uma viúva da alta nobreza, bastante mais velha e rica. Em 1739, foi nomeado embaixador em Londres e, em 1745, em Viena. De volta a Portugal, em 1750, foi nomeado para o governo de D. José I como secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. A sua ação enérgica na resposta ao terramoto levou o rei a nomeá-lo primeiro-ministro. A partir daí, Carvalho e Melo seguiu uma política de afirmação do poder real, que se chamou “despotismo esclarecido”. Atacou o poder da nobreza, mandando executar muitos membros da família dos Távora e outros nobres, acusados de quererem atentar à vida do rei. Expulsou os jesuítas de Portugal e dos territórios ultramarinos. Processa uma profunda reforma do ensino em Portugal, em particular com os novos Estatutos da Universidade de Coimbra, em 1772.

O Marquês de Pombal iluminando e reconstruíndo Lisboa, por Louis-Michel van Loo e Claude J. Vernet, 1766

     Para tentar resolver a crise económica, fundou companhias comerciais, criou e reorganizou muitas manufaturas e criou a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, que controlava a produção e comercialização do vinho do Porto. Muitas destas decisões ajudaram a fortalecer a posição da burguesia na sociedade portuguesa. Em 1769 recebeu o título de Marquês de Pombal. Com a morte de D. José I, foi afastado do poder e obrigado a ficar, desterrado, em Pombal. Morreu em 1782. Ainda hoje a sua ação é elogiada por uns e criticada por outros.

– A Baixa Pombalina –

     Lisboa foi um dos locais mais afetados pelo terramoto. Grande parte da cidade ficou destruída. Na reconstrução seguiram-se ideias modernas de urbanismo: ruas largas, compridas e a direito, passeios para peões, edifícios com altura (4 ou 5 pisos) e fachadas semelhantes, com lojas nos pisos inferiores e residências nos superiores. Criou-se também uma rede de esgotos, para melhorar a higiene na cidade. O Terreiro do Paço foi rebatizado Praça do Comércio em homenagem aos comerciantes que contribuíram para a reconstrução da cidade, mas no centro da praça foi colocada uma estátua do rei D. José I, para afirmar a autoridade real. 
     A ação do Marquês de Pombal na reconstrução de Lisboa foi tão importante que a zona da Baixa ainda hoje lembra o seu nome: a Baixa Pombalina.

Planta para a reconstrução da Baixa de Lisboa
Fontes:
Rúben Castro e Ricardo Ferrand, Grandes datas de Portugal (1096-2007), Texto Editores, Lisboa, 2011.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755
http://www.museudacidade.pt/Esposicoes/Permanente/Paginas/Terramoto-de-1755-Reconstrucao-sec-XVIII%E2%80%93XIX.aspx

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